No Século XIX o conto se distancia da novela e do romance adquirindo espaço próprio. Grandes contistas surgem no mundo inteiro: Edgar Allan Poe nos EUA, Maupassant na França, Eça de Queirós em Portugal e Machado de Assis no Brasil.
[Alguns críticos] preconizam que conto é sinônimo de narrativa curta, e vice-versa, toda narrativa curta se classifica como conto. Chegam ao requinte de firmar uma distinção numérica entre o que chamam de ‘conto-curto’ (‘short-short history’) e ‘conto longo’(long-short story’): aquele teria cerca de 500 palavras, o segundo,
entre 500 e 15.000 a 20.000 palavras.
(MOISÉS, 1994, p. 23)
Moisés diz que o conto tem uma unicidade dramática, uma célula dramática, uma única ação que centraliza os fatos em torno da narrativa. O romance tem diversos núcleos que interagem entre si, ou não, o que aumenta sensivelmente o número de personagens, cenários e, consecutivamente, o número de páginas.
o conto é, do prisma de sua história e de sua essência, a matriz da novela e do romance, mais isso não significa que deva poder,necessariamente, transformar-se neles. Como a novela e o romance, é irreversível: jamais deixa de ser conto a narrativa como tal se engendra, e a ele não pode ser reduzido nenhum romance ou
novela.
(Moises, 1994, p. 37)
Para Kaiser existem dois aspectos importantes sobre o conto: primeiro, o de que o
conto seria uma espécie de narrativa oral; o segundo, derivado do anterior, o caráter
individual do conto deriva da necessidade do autor de falar de si próprio (1968, p. 272).
Teles afirma que os primeiros autores de livros de conto não faziam questão de distinguir entre os contos que pertenciam à tradição (e que estavam, portanto, incrustados na língua) e os que pertenciam à sua própria criação, como produtos de uma fala literária. Todos os livros de contos a partir do século XV misturam as duas formas: os de "forma simples", ligados à tradição popular; e os de ‘forma culta’, criados pelo escritor.
(Teles, 1979, p. 288)
Moisés acrescenta: Como ‘forma simples’, o conto entranharia no folclore,aproximando-se da fábula e do apólogo, ou no universo das ‘histórias de proveito e exemplo’, do mundo de fadas, da carochinha, e continuaria a ser cultivado mesmo depois do século XVI, pela mão de La Fontaine. E como ‘forma artística’, o conto seria o literário propriamente dito, por apresentar autor próprio, desligado da tradição folclórica ou mítica para colher na atualidade os temas e as formas de narrar.
(Moisés, 1994, p. 33)
Teles faz uma importante contribuição: o conto literário não é simplesmente recolhido da tradição; ele é criado ou produzido pelo escritor e, como tal, é organizado em livro, codificado numa linguagem muito próxima da linguagem
poética e cujas “leis” o crítico, o estudioso da literatura, deve procurar e descobrir.
(Teles, 1979, p. 290)
Por esses aspectos, Kaiser (1968) afirma que todas as formas simples podem se
transformar em contos.
Wolfgang Kaiser não é radical a ponto de afirmar que o tamanho do texto indica, invariavelmente, se é conto ou não. Porém, para o estudioso o tamanho curto é uma forte característica dele
[o conto] indica que pode ser lido ou ouvido ‘numa sentada’, e isso
transparece, mais ou menos, através de todos os contos. Reside nisso, pois, necessariamente, o reduzido do tamanho e a sua limitação, em comparação com a amplitude do romance. Deste disse um dos seus melhores teóricos ‘what the extent should not be less than 50.000 words’ (FOSTER, 1954). Sob a designação de conto costuma-se incluir tudo o que é mais curto.
(KAISER, 1968,p. 272)
Na estrutura do conto há: um só drama, um só conflito; rejeita as digressões e as extrapolações, pois busca um só objetivo, um só efeito. Com isso, a dimensão do conto é reduzida: o autor usa a contração, isto é, a economia dos meios narrativos. Essa preferência pela concisão e a concentração dos efeitos torna o conto uma narrativa curta. Uma característica importante é que ele termina justamente no clímax, ao contrário do romance em que o clímax aparece em algum ponto antes do final.
O espaço físico da narrativa normalmente não varia muito devido à própria dimensão do conto.
A variação temporal não importa: o passado e o futuro do fato narrado são irrelevantes. Caso seja necessário, o contista condensa o passado e o expõe ao leitor em poucas linhas.
Devido a essas características (pequena extensão e pouca variação espacial e temporal) o número de personagens que participam do conto é pequeno. Também não há espaço para personagens complexas: a ênfase é colocada em suas ações e não em seu caráter.
É claro que essas características do conto podem variar de uma época para outra, mas essas variações ocorrem em maior ou menor grau constituindo sempre uma estrutura básica que configura o gênero.
Por sua extensão, dizemos ser este uma forma narrativa menor que o romance e a novela; contudo, não é só isso que o diferencia das outras formas narrativas. Ele possui características estruturais próprias que iremos aqui comentar.
Ao invés de representar o desenvolvimento ou o corte na vida das personagens, visando a abarcar a totalidade, o conto aparece como amostragem, como um flagrante ou instantâneo, pelo que, vemos registrado literariamente, um episódio singular e representativo."
(Soares, 1977, p.54)
Contos:populares, de ensinamento, de fadas, fantásticos, maravilhoso, de encantamento, de aventura, de terror, religiosos ou morais, piadas,de animais etc
vamos diferenciar o conto maravilhoso do conto de fadas, pois ambos fazem parte das narrativas maravilhosas.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
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